Janeiro - 2020

Posts (Extra)Ordinários

Publicado em:  January 11, 2020 utc
 

Olá pessoal, boa noite e um feliz ano novo para nós. Hoje ficamos sabendo, mais uma vez, qual foi a inflação do mês passado, então é hora de um novo post. O (Extra) no título do post é devido a algumas modificações na metodologia de seleção da carteira de ações, que explicarei logo mais.

Alocação Renda Fixa/Variável

Resultado Alocação

Resultado Alocação

Primeiramente, mais um mêszão para todas as carteiras, especialmente a de menor risco, isso porque os FIIs tiveram incríveis e impressionantes 9,63% de crescimento nesse mês.

Esse é um ótimo resultado, mas com certeza não é um resultado comum. As ações também tiveram um resultado expressivo de 5,87%, mas nem se compara ao obtido pelos FIIs.

Essa diferença tão grande me faz lembrar das carteiras dos primeiros meses de 2019, onde tivemos também bons resultados mas com as ações liderando a carteira. Naquele momento alguém inclusive chegou a perguntar porque eu não investia toda a renda variável nas ações, já que elas estavam indo tão bem. E, para mim, a resposta é bem simples: No mercado, nada dura pra sempre e eu não consigo prever nada!

Uai, mas, então estamos às cegas? NÃO! Porque todos os meus papeis são de boas empresas e minha carteira é bem diversificada, pois na maior parte do tempo eu estou aplicando em empresas (Carteira de Ações), imóveis (Carteira de FIIs) e renda fixa.

Essa minha visão colocada acima também compõe pra que eu reflita e escolha as brigas que eu quero brigar. Como assim? Simples, o meu objetivo é só e apenas ganhar do CDI (ou Taxa de Juros, ou SELIC ou como você preferir chamar…), mas não “bater o mercado”. Óbvio que nossa vaidade fica deveras alimentada e satisfeita quando a gente consegue essas coisas, mas é só isso. No longo prazo, ganhar do mercado é tarefa complicada (quiçá impossível, de acordo com uma corrente de pensamento da teoria financeira!!!) e talvez você só descubra que não consegue ganhar depois de perder dinheiro, daí você vai saber quanto custa sua vaidade.

Então, aproveitando essa virada de ano e a explicação acima, vou registrar estaticamente aqui no post a evolução da carteira médio risco, que é a que eu pratico pra mim. Como podemos notar, eu estou bastante satisfeito com o resultado até aqui.

Histórico Médio Risco

Histórico Médio Risco

Ações

Resultado Ações

Resultado Ações

Olha lá, essa Ferbasa nem pra sorrir pra foto hein??? Como eu já disse, mês que a carteira de ações teve um crescimento muito bom.

Destaque pra Cemig, Metal Leve e Schulz com rendimentos acima de 10% no mês. Outro destaque nesse mês é que das 10 empresas na carteira, 8 pagaram dividendos (ou JSCP) e algumas com belos Yields, casos da Vale e Cemig com 2,75% e 2,11%, respectivamente.

Ah rapaz, aqui eu preciso comentar sobre esse dividendo da Vale!!! Larissa, coitada, teve até que me ouvir sobre isso pra eu poder desabafar… esse dividendo da Vale é uma das piores facetas do capitalismo, da propaganda e, porque não, de nós também!!!

Depois do rompimento da barragem em Brumadinho há um ano, a Vale anunciou a suspensão do pagamento de dividendos aos acionistas. Me lembro inclusive de ter sido questionado sobre o impacto disso na minha carteira, já que um dos meus filtros mais rigorosos é o pagamento ininterrupto de dividendos nos últimos 15 anos. Pois bem, também me lembro de dizer para termos paciência, porque apesar do anuncio fazer sentido do ponto de vista da preservação da imagem (imagina distribuir lucros depois de uma tragédia tão grave???), ele não fazia ainda muito sentido fiscal e legal.

Então fui ao longo do ano seguindo minha estratégia com a Vale na carteira, mas sempre de olho em quando ela iria desfazer a suspensão. Passou o primeiro semestre, e nada. No fim do segundo semestre, no post do mês passado, eu tinha me convencido que a suspensão era “di rocha” (brasilienses entenderão!) e que, a partir do mês que vem, eu venderia a Vale pra, talvez, comprar daqui a 15 anos.

Quando, no dia que completei meus 34 aninhos de vida, a dona Vale me anuncia um JCP com data ex pra ultima sexta-feira do ano. Mas porque um anuncio assim tão na calada do ano???

Ora, jovem Jedi, a Vale simplesmente não deixou de dar lucro!!! E, junto com esse lucro, existe uma serie de obrigações legais e benefícios fiscais que estão vinculados à distribuição de rendimentos aos acionistas dentro dos exercícios fiscais. Além disso, o governo federal ainda é dono de mais de 11% da empresa, através do BNDES, assim como a Blackrock Inc (maior gestora de recursos financeiros do mundo!) é dona de 5% e a Previ (maior fundo de pensão do Brasil!) é dona de outros 1,6%. Ou seja, quem tem o papel é sócio de muita gente grande pelo mundo!!!

Assim, do meu ponto de vista, a suspensão foi só propaganda mesmo!!! Ah, eles ainda disseram que a suspensão dos dividendos não está desfeita, porque apesar terem concedido o direito aos rendimentos, eles ainda não definiram quando eles serão pagos. Mas isso é conversa (nordestinos entenderão!), na pratica eles pagaram dividendos em 2019 sim, mesmo que eles quitem lá na frente. Muitas empresas fazem isso inclusive.

FIIs

Resultado FIIs

Resultado FIIs

Aqui não teve Ferbasa pra estragar a foto, o KNRI11 tentou mas não conseguiu. Pata ca paréu, meu bróder… nunca vi um mês assim nos FIIs.

Inclusive, vocês me conhecem e eu fico é desconfiado quando vejo um movimento tão descolado desses. Procurei rapidamente se havia alguma coisa extraordinária com os fundos, mas não encontrei nada.

Já comentei outras vezes aqui que desconfio desses movimentos bruscos, principalmente nos FIIs, porque todos os selecionados são fundos de tijolo com avaliação bem mais direta. Então, apesar de eu achar bom, não vejo motivos pra uma valorização mensal de 23% num fundo desses.

A imprensa vem noticiando bastante a grande entrada de novos investidores nos mercados de renda variável, e os fiis com certeza são o destino de muitos deles. Isso naturalmente pressiona positivamente as cotações, especialmente em mercados que não possuem os instrumentos para se operar vendido, como é o caso dos FIIs da B3.

Mas precisamos ter cautela, esse volume adicional de grana no mercado pode encarecer alguns fundos. Lembrando que os fundos tradicionalmente no Brasil são lançados no mercado com a cota a R$100,00 (eles ajustam o valor total do fundo através do número de cotas) e muitos deles estão agora bem acima desses R$100,00, que acaba sendo uma referência.

Se procurar, você até encontra várias explicações sobre o porque eles estão mais caros e que a partir de agora, com os juros baixos, por exemplo, vai ser assim mesmo e blablabla…

Mas não se esqueçam desse papo do “a partir de agora…”, na hora do “pau quebrano” é sua grana que está em jogo e eu mesmo já via alguns desses fundos a menos de R$80,00 uns 4 anos atrás.

Resumo Próximo Mês

Próximo Mês

Próximo Mês

Beleza, aqui agora é que começa a parte Extra que está no título do post. Porque vou aproveitar esse espaço pra explicar com um pouco mais de detalhe algumas mudanças metodológicas que vou seguir a partir de hoje.

Já comentei antes que sempre utilizei o site fundamentus.com.br como fonte dos dados para a seleção das ações, mas também sempre tive um projeto engavetado de fazer minha própria tabela de múltiplos porque muitas vezes eu gostaria de analisar mais a fundo alguns dados de balanço das empresas e não conseguia extrair a informação do fundamentus.

E apesar dessa curiosidade, o site sempre me atendeu muito bem e eu estava satisfeito, então nunca iniciei esse trabalho, até Setembro de 2019. Nesse mês eu percebi que o site do fundamentus não estava atualizando os dividendos, desde Maio. Aí eu pensei: Fud…!!! Se chegar até o fim do ano assim, vai bagunçar minha estratégia de verdade. Eu perderia a fonte de dados do meu filtro mais sinistro de 15 anos ininterruptos de dividendos.

Então decidi cair pra dentro desse problema porque sabia que a cvm e a B3 disponibilizam gratuitamente dados das companhias abertas, como os balanços contábeis, dados de cadastro e histórico de dividendos. A empreitada começou exatos três meses atrás e gerou pra mim muitos conhecimentos de programação (como, especialmente, Larissa, Eduardo e Vilmar acompanharam de perto!!!), mas finalmente consegui e hoje chamo informal e carinhosamente de Pestementus… kkkkkkkk!!!

Nesse processo, me deparei com alguns problemas e tive que tomar decisões que geraram algumas diferenças em relação ao fundamentus e que, no fim, poderiam causar mudanças na carteira de ações, mas que não fossem também muito grandes, porque afinal de contas as empresas são as mesmas. E foi o que aconteceu, como vocês podem notar na nova carteira.

Basicamente, meus novos dados tem cinco principais mudanças:

  1. Freefloat: No Pestementus consegui incorporar uma informação que não existe no fundamentus, o Freefloat. Que nada mais é do que a porcentagem das ações da empresa que estão disponíveis para negociação nas mãos de acionistas minoritários. Ou seja, quanto maior o freefloat, maior a liberdade para que as cotações flutuem naturalmente. Quando o freefloat é muito baixo, na prática fica mais difícil uma valorização do papel porque simplesmente pode faltar ações para negociar. Eu eliminei todas as empresas com freefloat menor que 10%.

  2. Multiplos por empresa: Essa é relevante, muitos múltiplos possuem o preço na sua composição e, em empresas com ações ordinárias e preferenciais, os preços dos papeis ON e PN são diferentes. Mas os dados contábeis não diferem os valores entre os diferentes tipos de ações. Assim múltiplos como o P/L e o P/VP eram diferentes entres ON e PN, mas o EV/EBIT, ROIC e Crescimento da Receita eram os mesmos para as duas ações. E eu nunca gostei disso. Então resolvi essa minha insatisfação utilizando o valor de mercado da empresa em vez do preço do papel. Outra consequência importante dessa metodologia é a diminuição brutal da quantidade de opções. Porque com isso vi que a bolsa brasileira tem apenas 242 empresas com freefloat acima de 10%, e isso é muito pouco. Para comparação googlei que os EUA tem em torno de 8000 empresas.

  3. ROIC descontando impostos: Em alguns livros de finanças eu encontrei o ROIC sendo calculado descontando a alíquota média de impostos. O ROIC é o retorno sobre o capital investido por acionistas e credores. Só que o retorno da empresa não é “dividido” apenas entre os acionistas e os credores. Outro personagem importante nessa história é o governo. Então para refletir realmente o retorno da companhia para credores e acionistas, precisamos descontar os impostos sobre o lucro, que no Brasil soma 34% entre IR e CSLL.

  4. Liquidez por quantidade negociada: O fundamentus, e quase todo mundo, utiliza o volume como medida de liquidez, mas eu prefiro a quantidade total negociada. O volume é a quantidade de dinheiro (quantidade x cotação), mas como a cotação por sí não é, para mim, uma informação relevante, preferi filtrar pela quantidade média de negócios dos últimos dois meses, deixando passar quem tiver uma quantidade média diária maior que 100000 papeis negociados.

  5. Melhores 20%: Por fim, depois de ranqueados e filtrados todos os papeis, procuro selecionar as empresas que estão dentro das 20% melhores colocadas. Esse é o critério mais fraco, na verdade nem considero um critério, é mais como um guia pra mim. Porque, apesar de eu propositalmente ter filtros bem conservadores, sempre haverá empresas que vão passar por eles e apresentar múltiplos ruins. Significa que as que estão lá atrás são empresas ruins? Geralmente não, mas também não estão com preços ou desempenho recente que me faça querer comprá-las.

De resto, tá tudo igual… kkkkkkkkkkk

Então vamos registrar agora o desempenho das empresas que estavam na minha carteira e saíram.

Histórico Vendas

Histórico Vendas

É isso… Pela primeira vez não consegui postar no mesmo dia que sai a inflação, mas tinha muita coisa pra escrever e o cansaço bateu.

Obrigado aos que tiveram paciência de ler até o final.

PS: Lamb, mês que vem a gente dá uma olhada nesses FIIs…

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